2. Qual caminho seguir em Cybersecurity?
Se você chegou até aqui, já entendeu que Cybersecurity não é um monolito. Ela é um multiverso de áreas, cada uma com suas próprias regras, linguagens, ferramentas e vibes. E sim — existe espaço pra gente de todo tipo: do programador linha de código hardcore ao estrategista político-corporativo que não sabe o que é grep (e tudo bem!).
Neste capítulo, você vai conhecer as principais trilhas (ou arquétipos, se preferir um termo mais épico) dentro da área. Cada uma tem suas ferramentas, suas dores e seus momentos de glória.
1. Blue Team – Os defensores
Você gosta da ideia de estar de plantão, investigando alertas suspeitos, analisando logs, e respondendo a incidentes em tempo real? Gosta de puzzles e tem olho clínico pra padrões? Bem-vindo ao Blue Team.
O que fazem:
- Detectam e respondem a ataques em andamento.
- Monitoram sistemas em tempo real (SOC).
- Investigam incidentes e fazem análises pós-morte (forense digital).
- Criam regras de detecção e armadilhas digitais (honeypots, SIEM).
Soft skills importantes:
- Atenção a detalhes
- Tomada de decisão rápida
- Boa comunicação (relatórios de incidentes são essenciais!)
Exemplos de cargos:
- Analista de Segurança (SOC)
- Analista de Resposta a Incidentes (IR)
- Especialista em Threat Hunting
2. Red Team – Os atacantes
Se você é curioso, gosta de entender "como quebrar coisas", tem fome por estudar vulnerabilidades e acha divertido "pensar como o atacante", talvez sua trilha seja o Red Team.
O que fazem:
- Realizam simulações de ataque (pentest).
- Encontram e exploram falhas (ethical hacking).
- Testam a resiliência de sistemas e pessoas (engenharia social).
- Automatizam exploits, criam payloads, fogem de antivírus.
Soft skills importantes:
- Criatividade
- Persistência (às vezes o desafio leva dias!)
- Escrita clara (pentester escreve muito!)
Exemplos de cargos:
- Pentester
- Red Teamer
- Especialista em Teste de Invasão
3. GRC – Governança, Risco e Compliance
Você gosta de estratégia, documentação, leis, normas e políticas? Sabe que segurança também se faz com organização e comunicação? Gosta de proteger sem necessariamente invadir ou defender máquinas? Essa trilha é pra você.
O que fazem:
- Criam políticas e procedimentos de segurança.
- Avaliam riscos e conformidade com normas (LGPD, ISO 27001, NIST...).
- Fazem auditorias e treinamentos de conscientização.
- Ajudam a empresa a se manter segura... e legalmente protegida.
Soft skills importantes:
- Organização
- Comunicação (inclusive com áreas não técnicas)
- Pensamento crítico e analítico
Exemplos de cargos:
- Analista de GRC
- Consultor de Segurança da Informação
- Oficial de Privacidade (DPO)
4. Infraestrutura & DevSecOps – Os arquitetos
Você curte redes, servidores, automação, cloud e fazer as coisas funcionarem do jeito certo desde o início? Gosta de construir com segurança embutida? Essa é a pegada da engenharia.
O que fazem:
- Criam e mantêm ambientes seguros (servidores, containers, redes).
- Automatizam segurança em pipelines (CI/CD).
- Garantem que a infraestrutura resista a ataques desde o design.
Soft skills importantes:
- Capacidade de mapear sistemas complexos
- Foco em escalabilidade e robustez
Exemplos de cargos:
- DevSecOps Engineer
- Arquiteto de Segurança de Cloud
- Especialista em Redes Seguras
5. Pesquisa e Inteligência de Ameaças
Se você gosta de estudar, entender o inimigo, analisar malwares, caçar grupos de APTs e ler relatórios técnicos até as 3 da manhã... você pode estar predestinado a essa trilha.
O que fazem:
- Investigam grupos hackers e campanhas maliciosas (Threat Intel).
- Analisam malware em laboratório (malware analysis).
- Produzem relatórios estratégicos e táticos sobre ameaças.
Soft skills importantes:
- Capacidade de leitura técnica (e cruzamento de fontes)
- Escrita analítica e precisa
Exemplos de cargos:
- Threat Intelligence Analyst
- Malware Researcher
- Analista de CTI (Cyber Threat Intelligence)
Procure por outras áreas de atuação dentro de Cybersecurity.
Pontos para refletir:
- Quais são essas áreas?
- O que você sente que precisa aprender para trilhar esse caminho?
Escolha uma ou duas trilhas que mais te chamaram atenção e responda:
- Por que elas te atraem?
- Que habilidades você já tem que podem ajudar?
- O que você sente que precisa aprender para trilhar esse caminho?
Mercado de Cybersecurity
Você já sabe o que é Cybersecurity, conhece os principais perfis profissionais e até entendeu como acontecem ataques no mundo real.
Mas talvez esteja se perguntando: “E eu nisso tudo? Onde posso trabalhar? O que devo estudar? Preciso ser programador? E os salários?”
Respira fundo. Vamos por partes.
🏢 Onde você pode trabalhar?
A segurança da informação é transversal — ela está em todo lugar onde existe tecnologia, ou seja, em praticamente todos os setores da economia.
1. Consultorias especializadas
- Oferecem serviços para outras empresas (pentest, auditorias, treinamentos, GRC, etc).
- Ambientes dinâmicos, onde você atende vários clientes e aprende rápido.
- Ótimo para quem quer ver diferentes tipos de sistemas e desafios.
Exemplos: Accenture, EY, Mandiant, Deloitte, Cipher.
2. Empresas do setor financeiro
- Bancos, fintechs e seguradoras estão entre os maiores investidores em segurança.
- Equipes bem estruturadas, salários competitivos e muita responsabilidade.
Exemplos: Itaú, Banco do Brasil, Nubank, PicPay.
3. Startups e empresas de tecnologia
- Ambientes mais informais, com menos burocracia.
- Você provavelmente vai “usar vários chapéus”: definir políticas, investigar incidentes, automatizar segurança.
Exemplos: startups SaaS, healthtechs, apps, plataformas.
4. Órgãos públicos e estatais
- Segurança nacional, proteção de dados da população, investigações e projetos de longo prazo.
- Muitos concursos públicos e vagas com estabilidade.
Exemplos: SERPRO, Polícia Federal, Exército, CGU, TCU.
5. Educação, pesquisa e ONGs
- Para quem gosta de ensinar, pesquisar ou contribuir com projetos sociais ligados à segurança e privacidade.
Exemplos: Universidades, Mozilla Foundation, EFF.
Precisa ser programador para trabalhar com segurança?
Você pode construir uma carreira sólida em Cybersecurity com foco em:
- Processos e políticas (GRC, privacidade, conformidade)
- Análise e monitoramento (SOC, threat hunting)
- Arquitetura e redes (infraestrutura segura, cloud)
- Relacionamento e comunicação (conscientização, educação)
Mas aprender lógica de programação (mesmo que básica) é um grande diferencial! Python, Linux e scripts simples podem abrir muitas portas.